Quase todas as vezes que alguém me pergunta o que eu faço da vida, e que respondo que eu estou fazendo um Doutorado. A pergunta seguinte é: “Mas você não está trabalhando?” E aí eu explico pra pessoa que o doutorado é um trabalho. Já fiquei chateada (demais) com essas questões, mas hoje percebo que é causa de uma cultura que não conhece o que as pessoas estão fazendo dentro de universidades. O próprio governo atual já se referiu a nós estudantes como fazedores de “balbúrdia”, faz piadas e tenta diminuir a importância dos cientistas. Talvez seja também por falta de conhecimento do que estamos fazendo
dentro das universidades, razão pela qual decidi usar o blog para falar sobre a rotina e as dinâmicas da vida de alguém que cursa um curso de pós graduação em uma universidade pública. Pretendo convidar alguns dos meus colegas para também participarem dessa conversa em formato de entrevista, para que os leitores do blog possam conhecer mais sobre quem somos, os cientistas, doutorandos, mestrandos, estudantes, ou como quiser chamar. Começando comigo.
dentro das universidades, razão pela qual decidi usar o blog para falar sobre a rotina e as dinâmicas da vida de alguém que cursa um curso de pós graduação em uma universidade pública. Pretendo convidar alguns dos meus colegas para também participarem dessa conversa em formato de entrevista, para que os leitores do blog possam conhecer mais sobre quem somos, os cientistas, doutorandos, mestrandos, estudantes, ou como quiser chamar. Começando comigo.
1) Do
que trata minha pesquisa:
Minha
pesquisa busca entender o processo de ocupação dos territórios nacionais
(especialmente do Cerrado), e como o Estado interferiu nesse processo com
políticas públicas, estudo tanto a ação do estado, quanto à omissão nesse
sentido.
2) Como
é a rotina de um curso de doutorado pra mim:
Bom, o
doutorado no programa que curso (CIAMB-UFG) tem 4 anos de duração, dentre os
quais eu preciso cumprir 24 créditos obrigatórios, e eu estou terminando de
cumpri-los. Ou seja, esse ano eu acabo de participar das disciplinas e ficarei
apenas por conta da elaboração da pesquisa, que chamamos de tese.
Eu tive
aulas 2 vezes por semana no primeiro semestre de 2019. Depois, acabei pegando
uma matéria concentrada, o que significa que tive 2 semanas de aula durante o
semestre. E por fim, nesse primeiro semestre de 2020 estou pegando uma matéria
anual, que terei encontros de 2 em 2 meses aproximadamente e uma matéria
concentrada que seria durante o mês de março, mas por causa da quarentena, foi
suspensa.
3) Além
das aulas, o que eu faço?
Leio, leio,
leio e depois escrevo, escrevo e escrevo. A minha rotina de estudos é bem
intensa, eu uso cerca de 6 horas por dia de segunda a sábado para pesquisar.
Leio livros, artigos científicos, faço cursos, assisto documentários, pesquiso
sites de forma bem sistemática e depois disso eu filtro o que posso usar na
redação da tese. Algumas coisas eu descarto e acabo produzindo outros artigos
que não tem a ver com o assunto principal da minha pesquisa.
4) O
que significa ter uma bolsa?
Eu sou
bolsista da CAPES, no meu caso, significa que eu passei bem colocada no
programa e por isso recebi a bolsa. Mas tem outras pessoas que recebem por
outros motivos. Significa que tenho dedicação exclusiva para a pesquisa, ou
seja é um trabalho. E mais que isso, se eu não tivesse uma bolsa, não poderia
fazer um mestrado e nem doutorado, porque eu sou pobre, e além disso não tenho
condições de trabalhar e estudar, teria que optar por uma coisa outra, ou
seja, a bolsa foi essencial para minha formação. A bolsa tem contrapartidas de
notas, não reprovação, produção de artigos, etc. Não é só entrar e ganhar uma
bolsa, tem todo um processo.
5) Para
que escolhi fazer doutorado?
Porque meu
sonho é ser uma professora acadêmica, e é essencial que eu tenha qualificação e
por isso eu preciso de um curso de doutorado.
6) Existe
muita pressão?
Com certeza
existe! Mas felizmente eu tenho um orientador muito bom que me auxilia e não me
bota pressão, mas dentro desse meio de pós graduação existe muita pressão em
cima de nós pesquisadores. Nem precisa do orientador botar pressão, já temos os
prazos para cumprir, as metas e nossa própria mente pra nos deixar sempre
alertas.
7) O
que mais me chateia no doutorado?
O fato das
pessoas acharem que eu não trabalho. Isso me chateia muito porque eu trabalho e
muito, mas geralmente as pessoas acham que não, e isso me irrita bastante.
8) Em
que minha pesquisa é útil para a sociedade?
Minha
pesquisa especialmente é uma pesquisa da área de ciências ambientais, ou seja,
é útil para o estado, cidadão, aluno, professor, poder aprender sobre como o
estado agiu ou não, no implemento de políticas públicas que geraram o processo
de ocupação do território. É uma pesquisa documental e bibliográfica, ou seja,
eu não uso laboratórios, nem microscópios, mas instrumentos legais, políticos e
históricos. E como resultado disso, almejo gerar materiais e fontes para outras pesquisas,
sejam acadêmicas ou não.
Abraços
literários,
Denise.
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