É isto um homem? Primo Levi



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A leitura desse livro me foi indicada inicialmente numa aula do mestrado em Ambiente e Sociedade, por uma colega do curso de Letras, lembro-me com exatidão desse dia. Apesar de ter ficado muito interessada eu não sei o motivo pelo qual nunca me esforcei para lê-lo. No ano de 2019, uma outra colega me indicou essa leitura, e me lembrei dessa primeira memória, novamente o interesse pelo livro veio a tona, o comprei e o li semana passada.

Já li vários livros que tratam sobre o tema do holocausto, mas cada um é único e mostra uma realidade particular porque narra a memória do sujeito que a escreve, e por isso acho difícil falar qual obra sobre o holocausto é mais impactante ou menos.

Contudo, este livro me impactou profundamente! Primo Levi é um italiano que ficou preso no campo de concentração de Auschwitz, entre 1944-1945, e o livro é a narrativa da experiência dele nesse momento de vida.

Cada experiência que ele conta dentro do campo de concentração, é um questionamento sobre o que significa ser um humano.

Por exemplo, o que te faz um humano? Seu cargo? Sua família? Sua casa? Seus relacionamentos?
O que te faz ser definido como um humano?

Primo Levi conta que quando se formou em Química, achava que isso o diferenciava dos demais, o fazia um humano, um homem, mas quando chegou ao campo de concentração, sua formação acadêmica não tinha nenhuma relevância, e para trabalhar no laboratório de química do campo, teve que ser submetido antes à diversas humilhações e privações, e ainda, era humilhado mesmo dentro do laboratório por mulheres e guardas, que o chamavam de "judeu sujo".

Ele também entendeu dentro do campo de concentração que os relacionamentos antes tão importantes para ele, não valiam nada dentro do campo, pois as mulheres foram abruptamente separadas dos homens, e onde ele ficou, os homens jamais sabiam notícias de suas esposas e familiares.

Os amigos dentro do campo de concentração não passavam de concorrentes para obter um pedaço de pão ou uma tigela rala de sopa. Primo Levi questiona sobre o que é moralidade, dentro de um lugar que as pessoas não podem se dar ao luxo de confiar em ninguém. A política dentro do campo de concentração fez com que ele para sobreviver, se aliasse a outro prisioneiro e assim passaram a traficar itens de sobrevivência.

Quando o campo é abandonado pelos soldados alemães e os soldados russos estavam quase chegando, há um caos dentro do campo de concentração, entre os próprios prisioneiros, não havia condições de ajudar todos, então muitos foram abandonados para morrer, muitos de certa maneira foram escolhidos para morrer, a fim de que outros não morressem. É uma lógica perversa e complexa demais para quem não viveu essa realidade, no entanto, conduz-nos a reflexão, do que é ser um humano?

A minha indagação mediante o contato com a obra de Primo Levi, levou-me a algumas considerações, as quais compartilho:

1) Ser um humano é ser um ser a imagem e semelhança de Deus:

A bíblia coloca que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, essa é a essência humana. Dessa maneira, tudo o que formos longe da imagem e semelhança do Criador, é descaracterização da humanidade.

2) Coisas não nos definem

Muitas vezes nos apegamos sem refletir às coisas que possuímos ou queremos possuir, achamos que nossa casa, nosso emprego, nossas roupas, nossos livros, diplomas, bens de forma geral definem quem somos. Ao sermos indagados sobre nossa identidade prontamente respondemos de acordo com aquilo que possuímos, e acreditamos fazer de nós uma pessoa, um homem, uma mulher.


3) Relacionamentos não nos definem

Da mesma forma que transferimos nossas identidades para objetos ou títulos, também fazemos com nossos relacionamentos, pois nos escondemos atrás de alguma personalidade marcante com a qual convivemos. Exemplo: sou filho de fulano, portanto... ou meu marido é tal coisa, dessa forma... etc etc etc.
São infindáveis exemplos que não me prolongo a dar, sobre situações que depositamos nossa identidade em alguém, seja pai, cônjuge, irmão, amigo, algum tipo de inspiração, como um super herói, ou um profissional que admiramos, entre outros.


MAS,

a verdade é que nada disso nos torna quem somos, porque tudo isso pode-nos ser tirado de uma hora para a outra, e aí? Podemos estar vivos e perdermos a personalidade sobre a qual depositamos nossa identidade, e aí? Como viver? Podemos ser roubados, e as coisas que tanto nos definiam, nos serem tiradas. Podemos perder a memória e todo o conhecimento que adquirimos ser esvaído. Podemos de uma hora para outra sermos questionados sobre o que nos faz sentir humanos. E essa resposta está simplesmente no fato de reconhecermos que somos criaturas criadas por Deus a fim de viver uma vida que o glorifique. Se nos retirarmos desse propósito, abandonamos nossa humanidade, somos condicionados a viver sob os ditames da nossa vontade, a qual só encontra paz quando alinhada à vontade daquele que a formou, sendo o próprio Deus. 
Muitas vezes nos perdemos de nós mesmos, pensando estarmos fazendo a coisa certa, perdemos nossa essência, a depositando sobre coisas que não a podem suportar. Nos decepcionamos e enclausuramos dentro das nossas emoções feridas. Culpamos todos e tudo. Perdemos aos poucos a vontade de viver, porque perdemos a definição do que somos. Somos humanos, somos seres formados por Deus para vivermos uma vida para Ele e com Ele. Sem Jesus não há vida, há um cortejo fúnebre de um corpo vivo. Sem Jesus não há alegria verdadeira, nem satisfação com NADA. Tudo irá te frustar, sem Jesus. Só Jesus confere sentido e significado para  a nossa vida vazia, para nossos corações reclamadores e ingratos. Só Jesus pode conceder-nos a paz, apesar da guerra que está fora de nós, e também dentro de nós. Só Jesus.




Abraços literários, 

Denise.

Comentários

  1. Boa noite !
    O primo Levi teve um encontro extraordinário com ele mesmo, enquanto buscava resposta na ciência e nos estudos, procurava entender o propósito da vida e como poderia mudar a sua realidade buscando conhecimento e aplicando em sua vida, esse relato é um divisor de águas entre a força do poder e a inteligência humana, no campo de concentração ele descobriu que a vida humana não se difere da outra e que as atribuições vividas poderia proporcionar apenas um pouco mais de sorte, más não o livrar da morte, pois no último momento todos choram, e a matéria vai para o mesmo lugar, para essa realidade não existe variável, e muito difícil falar do holocausto á sempre o sentimento de que algo ficou a desejar em relação a justiça.

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