Coisas que aprendi no mestrado - parte 1- saber ambiental

Ao ingressar no mestrado acadêmico em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Goiás, eu imaginava que sairia dele com um conhecimento sobre os temas referentes ao meio ambiente e a sociedade, de forma isolada. Mas, a verdade é que ao estudar a questão da interconexão entre meio ambiente e sociedade, ou melhor, entre humano e meio ambiente, eu tenho aprendido mais sobre a vida do que em qualquer outro momento da minha vida.
O conhecimento tradicional nos coloca (seres humanos) em primazia, como se existisse uma pirâmide imaginária que o topo sempre fosse ocupada pelos seres humanos, então as necessidades a serem supridas em primeiro lugar são as humanas, o foco principal deve ser assegurar formas do humano se manter nessa posição de destaque. Contudo, "o saber ambiental" ( essa é uma nomenclatura de um autor chamado Enrique Leff) chama a atenção que o ser humano não é mais o centro de tudo, mas é parte do ambiente, até porque sem o meio ambiente não haveria vida humana, essa perspectiva de olhar altera todas as formas de lida comigo, com os outros e com o ambiente, porque começo a perceber que não sou um ser que vive isoladamente, mas que precisa do coletivo, preciso aprender a conviver, e portanto, os princípios dessa convivência. As coisas passam a não ter tanto valor quanto as pessoas. A natureza passa a ser admirada, respeitada e preservada, porque sem ela não há como falar em vida. O saber ambiental é um saber libertador, emancipatório, porque lembra o humano que não há a preponderância do masculino sobre o feminino, porque somos todos parte do mesmo todo, existem papéis e funções diferentes a serem desempenhadas, não sobreposição e anulação de uma sobre a outra, há cooperação. O saber ambiental fala de interdisciplinaridade, da necessidade de se conjugar harmonicamente as necessidades humanas com a manutenção e conservação dos recursos naturais, bem como da preocupação com a qualidade de vida que nem sempre é sinônimo de crescimento econômico, mas principalmente de desenvolvimento humano, social e ambiental, é preciso preocupar com os direitos daqueles sujeitos excluídos, porque não se "adequam" de uma forma ou outra. O saber ambiental me fala sobre empatia, sobre direitos humanos, sobre entender o que é ser humano. E é por isso que o mestrado antes de me trazer uma carga de conhecimentos acadêmicos e científicos, me ensinou a ser uma humana "mais humanizada", por me permitir a reflexão sobre meu lugar no mundo e o que devo fazer para cuidar desse mundo, que é um lugar comum. 

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