Coisas que aprendi com o mestrado - parte 2 - intolerância

Eu venho de um curso de Direito, mas muito pouco eu aprendi de fato sobre o que é direito. Na verdade, eu fui aprender essa reflexão num grupo de estudos sobre Direitos Humanos, isso foi particularmente marcante e relevante na minha formação como pessoa, porque os direitos humanos que eu via na televisão ou nos posts das redes sociais, eram somente coisas denotativas. Mas a medida que fui conhecendo e mergulhando nos textos, relatos e experiências, eu me tornei alguém apaixonada pelos Direitos Humanos, porque compreendi que a luta pelos direitos humanos é mais digna que muita conversa que ouço de gente de igreja ( sim, eu sou evangélica e frequento igreja, o que não me impede de reconhecer e discordar de inúmeros erros que vejo ali).
Enfim,  eu fui para o mestrado interdisciplinar, lotado nas áreas das ciências ambientais, e o que tem a ver com direitos humanos? Bom, tudo a ver. Primeiro porque eu pude perceber que direitos humanos estão incluídos em tudo que envolva o ser humano, porque os direitos são adquiridos, e pra isso é necessária uma busca, e isso quase sempre tem oposição, e por isso a importância dos movimentos em prol de direitos, e nesse sentido, direitos humanos. O mestrado foi maravilhoso porque conheci pessoas que eu podia dialogar sobre preocupações, como por exemplo com a situação da mulher, do infeliz contexto de violência contra a mulher que ainda existe, as formas implícitas e explícitas do machismo se manifestar; e em cada diálogo um crescimento, uma troca de experiências e uma soma. No mestrado eu encontrei pessoas que podia falar sobre o fato do pouco auxílio ( ou quase nenhum) destinado a estudantes pobres, eu tive pessoas que entendiam isso porque passavam (bem como eu). Eu pude dialogar e aprender mais sobre história, aquela história geralmente omitida pelos veículos sociais mais conhecidos. Aprender sobre preconceito, e ter aulas de tolerância e respeito, das quais penso que não vou me esquecer. O mestrado serviu para quebrar paradigmas, porque eu imaginava que um evangélico seria mais gentil que um ateu, mas não, não é bem assim, o título ou a bandeira que a pessoa carrega não fala sobre a pessoa, mas só sobre a bandeira. Existem pessoas incríveis em todos os lugares, e pessoas não tão incríveis assim. Mas o que tudo isso tem a ver com intolerância? Bem, eu comecei meus estudos sobre direitos humanos antes do mestrado, mas no mestrado eu tive um impacto maior ao conviver mais com a diversidade e formas tão distintas de se formar o conhecimento e práticas de vida, e por isso, os direitos humanos e esse assunto esteve tão presente. O fato é que eu fiquei mais intolerante com o preconceito, com a falta de empatia, com as opiniões imparciais e sem embasamento. Eu fiquei mais seletiva e solitária. Antes eu não me incomodava tanto com algumas atitudes de certos grupos que eu participava, mas hoje, eu não consigo me sentir confortável vendo risadas e piadas em cima de alguém. Eu não falo mais sobre a história do "homem" eu falo sobre a história dos "seres humanos" porque não existe só o homem, são detalhes que parecem pequenos, mas não são. O mestrado me deixou mais intolerante à intolerância, à injustiça e a omissão.  

Comentários

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  2. A omissão vai totalmente ao contrário da história e do desenvolvimento humano.
    Eu tremo de indignação perante uma injustiça palavras de "Che"

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