Sobre a perseverança dos santos

" E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção." Efésios 4.30
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Ser um cristão consiste em aprender cada dia mais sobre a essência de Deus, pois Ele é tão complexo e inatingível para um humano que é impossível que tenhamos completa consciência de quem Ele de fato é, nós temos um acesso limitado ainda, mas chegará o dia em que os cristãos estarão diante Dele e poderão o ver e perceber em sua plenitude. Enquanto isso, resta-nos o desafio de perseverar e insistir no conhecimento Dele.
Faz pouco tempo em que meditava nas escrituras e me deparei com uma verdade que eu já sabia, mas por alguma razão brilhou novamente com intensidade para mim e me motivou a compartilhá-la aqui no blog, porque talvez alguém também possa sentir esperança e segurança, como eu fui alcançada.
A palavra perseverança sempre me fascinou, porque é tão mais fácil desistir ou concluir algo, no entanto conjugar o verbo perseverar é muito difícil, o processo entre o início e  o fim das coisas é o mais sofrido e é nele que muitas vezes me perco. Então perseverar é o verbo que de certa forma me move já faz um tempo, e tudo o que o envolve me encanta, porque desafia e inspira a não o esquecer.
A própria bíblia tem um destaque para a perseverança, cada um daqueles que ousou andar com Deus, teve que perseverar, desde Abraão a Paulo, cada um desenvolveu a perseverança. Mas em que consiste a perseverança dos santos? Seria não errar? Com certeza não, porque isso de fato é impossível ao ser humano. Essa questão da essência da perseverança dos santos me provocou a buscar uma resposta e ela foi a seguinte: "essa perseverança dos santos não depende do livre-arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito, da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça, de todas essas coisas, vêm a sua certeza e infalibilidade." ( A confissão de fé de Westminster, cap. XVII, II). O que consiste em dizer que essa perseverança que o cristão tem, não depende em nada de seu esforço próprio, contudo repousa completamente na aliança que Deus fez com o homem, através do pacto da graça. Para quem nunca ouviu falar disso, em outras palavras, acontece que a perseverança dos santos é inerente a Deus, é por Ele e por sua perfeição que é gerado no coração dos eleitos a capacidade de perseverar na fé em Cristo Jesus.
Outro ponto muito importante que gostaria de ressaltar, é que a perseverança dos santos não é visível humanamente em todo o tempo, pois é possível que aqueles que são chamados, os eleitos de Deus, é totalmente possível que eles durante algum tempo de suas vidas, sejam seduzidos e cativados pelo pecado, que tenham o seu coração endurecido e sua mente perturbada e vivam como os seres humanos que não conhecem a Deus, e por isso sejam entregues durante um momento passageiro a juízos decorrentes de suas ações, no entanto por sua graça e misericórdia, Deus atrai novamente aos seus braços de amor e revela mais uma vez como não há mérito nenhum na natureza humana, pois todo o bem procede Dele e por meio Dele que o ser humano pode realizar alguma boa obra.
Nesse sentido, a confissão de fé de Westminster (cap. XVII, III) afirma: "Eles, porém, pelas tentações de Satanás e do mundo, pelo predomínio da corrupção restante neles e pela negligência dos meios de sua preservação, podem cair em graves pecados e, por algum tempo, continuar neles, incorrem, assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e , em alguma medida, vêm a ser privados das suas graças e confortos, têm o seu coração endurecido e a sua consciência ferida, prejudicam e escandalizam os outros, e atraem sobre si juízos temporais."
Diante de tudo o que foi falado, é possível concluir que a perseverança dos santos é uma ação de Deus no ser humano que foi chamado e eleito para a redenção em Cristo Jesus, não existe nenhuma forma de mérito em perseverar no evangelho no próprio ser humano, toda a glória e honra pertencem somente a Ele. Não há como dizer que alguém tem mais mérito do que outro por aparentar uma fiel perseverança, pois somente Deus conhece o coração do ser humano, é totalmente possível que pessoas que frequentem igrejas estejam tão distantes de Deus, quanto qualquer outro. Não se engane, a religiosidade não diz nada sobre intimidade com Deus, é preciso buscar a Deus de forma sincera a fim de que Ele não se entristeça conosco.
Que a perseverança dos santos nos mantenha firmes na fé em Jesus e nos incentive à uma verdadeira busca por mais Dele e menos de nossa própria natureza pecaminosa que deseja o mal insistentemente e em todo o tempo. Não há mérito nenhum em nós mesmos, que Ele seja exaltado e adorado para sempre, amém.

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